Dia 19 de abril de 1972. Por volta das 6h30, um homem estava indo ao trabalho pela estrada Itu/Jundiaí, próximo a fazenda Pedra Azul, quando encontrou uma mulher sem vida. Ela tinha aproximadamente 30 anos, estava nua e com perfurações de arma de fogo, hematomas e ferimentos ocasionados por cigarro. Assustado, o rapaz voltou para a cidade e contou para policiais que estavam na praça da matriz. Na época, o corpo da "Loira desconhecida", ficou cerca de uma semana exposto em uma pedra no necrotério do cemitério municipal para ser identificado. Ninguém a conhecia. Ninguém sabia de nada. Ela não era de Itu. O caso chocou os moradores do município pois crimes como esses não eram comuns. Diversos curiosos se revezavam e iam visitar a falecida. A repercussão foi grande que não se falava em outra coisa na cidade. A notícia ganhou as capas de importantes jornais da época. Quem viu a "Loira desconhecida" dizia a mesma coisa: uma mulher linda, dona de uma beleza fora do comum. Ela tinha cabelos e olhos claros, pele macia, estava com as unhas e cabelos bem feitos. Ao perceber que alguns homens estavam indo ao necrotério para ver a nudez da mulher, dona Malvina Ricci (in memorian), chorou bastante pela crueldade e a falta de respeito. A costureira foi até sua casa, pegou um vestido de noiva, voltou para o necrotério, deu banho na falecida e a vestiu com algumas borrifadas de perfume. A Loira desconhecida ia ser sepultada nua se não fosse a boa ação de dona Malvina. Naquela ocasião, o reconhecimento por papiloscopia não existia. Tudo era muito precário. Nenhum boletim de ocorrência foi registrado, tampouco algum documento que pudesse saber quem ela era. Nem delegacia, cartório, muito menos no fórum. A pessoa que matou a mulher lhe tirou os brincos, anéis e colares para dificultar a identificação. Parecia que autoridades policiais não queriam investigar o caso. Suspeita-se que a loira estava grávida e havia se envolvido com alguém de muito poder. O crime aconteceu em meio a ditadura militar. Dois meses depois, a família de uma mulher chamada Ângela Vieira procurou o cemitério e pediu a exumação do corpo para saber se era a mesma pessoa, até então, desaparecida. O resultado deu negativo. Depois de 53 anos, quem ainda está vivo e se lembra do caso, espera por respostas:
Quem é a loira desconhecida? Quem a matou? De onde era? Perguntas essas que muitas pessoas que já faleceram fizeram um dia. Em 16 de abril de 2013, a história da mulher que foi enterrada sem a identidade ganhou espaço no Balanço Geral da Rede Record. O noticiário apresentado pelo jornalista Geraldo Luiz esteve em Itu. A convite da produção da emissora, Reginaldo Carlota, repórter policial, participou da matéria e contou detalhes de uma investigação que fez por contra própria mais de três anos. Tudo que ele queria era elucidar o caso. Carlota revelou que em 2007, um homem que já possuía uma extensa ficha criminal ia com muita frequência na sepultura da "Loira desconhecida" e chorava compulsivamente. Ao ser questionado, o indivíduo confessou para o jornalista que havia matado a mulher e estava arrependido. O homem chegou a dar o depoimento para um delegado de Salto, contudo, não ficou preso. O crime prescreveu após 20 anos. Dr. Adalberto Contes, um delegado de São Paulo, se interessou no caso e queria investigar. Um tempo depois, ele e o investigador que ia lhe acompanhar morreram de morte natural. Carlota diz que até hoje o caso não foi desvendado e está longe de ser solucionado. "Caiu no esquecimento!", define o repórter policial.
Milagres
Alguns anos se passaram e muitas pessoas acreditavam que a "Loira desconhecida" fazia milagres. A sepultura que tem os dizeres: "Aqui jaz na paz do Senhor Loira desconhecida!", era visitada com muita frequência. Fiéis faziam preces em busca de curas e soluções para diversos problemas.
📷 Arquivo Reginaldo Carlota
✍🏼Rick Caetano
Relembre a matéria exibida pelo Balanço Geral da Rede Record 👇🏽
